O consumo de combustíveis no Brasil cresceu 1,3% no primeiro trimestre de 2015, para 34,6 bilhões de litros, mas já dá sinais de desaceleração neste início de ano, de acordo com dados divulgados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Para efeitos de comparação, no ano passado o crescimento do mercado nos três primeiros meses foi de 6,4%, na comparação com o primeiro trimestre de 2013. A desaceleração em 2015 é percebida em praticamente todos os produtos, com exceção do etanol, que deslocou parte das vendas de gasolina.

O consumo de óleo diesel, por exemplo, caiu 1,8% no primeiro trimestre deste ano, frente a igual período de 2014, para 13,8 bilhões de litros, revertendo o crescimento nas vendas apurado no início do ano passado. Para Cesar Guimarães, diretor de Mercado do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), a queda nos volumes de venda de diesel reflete não só a greve dos caminhoneiros, em fevereiro, como também o desempenho mais fraco da economia em 2015.

“Houve também atrasos em safras, como a da cana, além do baixo desempenho econômico”, comenta o diretor do Sindicom.

Assim como o diesel, o consumo de gasolina também recuou, 1,9%, entre janeiro e março de 2015, para 10,37 bilhões de litros. Segundo Guimarães, a queda da gasolina reflete a preferência do consumidor pelo etanol hidratado, cujas vendas, na contramão de seu concorrente, subiram 27% nos três primeiros meses do ano, atingindo os 3,9 bilhões de litros.

“O etanol cresce porque os preços estão mais favoráveis nesta safra e devido ao aumento do preço da gasolina [devido à elevação da tributação sobre o combustível”, opinou a fonte.

Apesar da aceleração nas vendas do etanol, cujo crescimento no primeiro trimestre de 2014 foi de 17,8%, Guimarães destaca que a demanda dos carros do chamado Ciclo Otto (que usam álcool e/ou gasolina) está em ritmo reduzido.

“A vendas de etanol e gasolina, juntas, cresceram 3% neste primeiro trimestre. No mesmo período do ano passado, esse mercado crescia 11%. Aparentemente, dá a entender que há um menor consumo nas famílias brasileiras”, avalia o diretor.

A renda menor do trabalhador brasileiro também impacta a desaceleração do mercado de gás liquefeito de petróleo (GLP), consumido em residências, comércio e indústria, mas popularmente conhecido como “gás de cozinha”. As vendas do combustível subiram 0,9% no primeiro trimestre, para 3,1 bilhões de litros, crescimento mais baixo que o registrado nos três primeiros meses de 2014.

No setor de aviação, o consumo também perdeu fôlego. As vendas de querosene de aviação, por exemplo, subiram 1,9%, para 1,87 bilhão de litros, frente a um crescimento de 4,6% no primeiro trimestre de 2014.

Já a comercialização de óleo combustível caiu 0,6%, para 1,42 bilhão de litros, mas ainda assim menos que as vendas registradas no primeiro trimestre do ano passado.

Fonte: Valor Econômico